Convívios Fraternos

2007/01/23

Mais Referendos

Volto ao tema dos referendos.

Não sou extremista. Não gosto de extremismos. Pessoalmente considero os extremismos como a arma daqueles que não conseguem transmitir de forma equilibrada os seus pontos de vista.

Da mesma forma, não assumo derrotismos à partida. Nem falsos optimismos.


No que toca à questão da IVG, sei que o "Sim" provavelmente acabará um dia por ganhar: se não for agora, ao 2º referendo, há-de ser ao 3º, ao 5º, ao 10º ou ao centésimo.

É como no Futebol: qualquer equipa (por mais forte que seja) pode um dia perder como outra equipa (por mais fraca que seja). O tempo e a estatística se encarregarão de que assim seja.

Considero que o que há a fazer agora é olhar em frente, para a frente, mais para a frente: o "SIM" ganha... e depois? O que vamos fazer, nós que consideramos essa opção um erro?

Vivendo em democracia, temos que dar provas de maturidade e aceitar esse resultado imposto por uma maioria, quiçá pouco esclarecida, quiça pouco informada, quiçá pouco sensibilizada para o verdadeiro alcance dessa decisão...

A aceitação do resultado não quer no entanto dizer que nos conformemos, haverá que desenvolver formas de continuar a lutar pela abolição de uma lei que é injusta e absurda.

O facto de ponderarmos sequer a hipótese de que ela venha a ser aprovada é sinal de uma Sociedade profundamente doente: uma Sociedade esquizofrénica e demente, que olha com total passividade para o drama do decréscimo populacional e que pondera acerca de uma lei que contribui para que essa situação se agrave; um Estado que atravessa uma crise de Finanças Públicas e de Segurança Social que podem por em causa os seus próprios alicerces e que cria uma lei que dá o poder a um segmento da sua população de poder decidir impunemente acerca da vida de outrém; um País com uma enorme franja do seu território em desertificação que pondera acerca da criação de uma lei que mais não faz do que acentuar esta e outras situações.


O verdadeiro debate deveria ser: o que fazer para que o Interior do país não morra? O que fazer para que no Interior do País não se morra à espera de tratamento médico depois de um acidente? O que fazer para incentivar os jovens a ter filhos? Que leis temos que criar para proteger a família?

Há pois que olhar em frente, mais para a frente: em França, 30 anos depois das primeiras leis pró-aborto, as pessoas pedem, nas ruas, o retrocesso (?) da Lei: escolas vazias e fechadas, envelhecimento da população, crise profunda da Segurança Social - são motivos egoístas os que em última análise motivam esses protestos, mas o que é certo é que eles acontecem.

Li há pouco tempo um Livro que se chama "Os Filhos dos Homens", recentemente adaptado para o cinema, que retrata uma situação num futuro próximo em que uma doença desconhecida retira à Humanidade a capacidade de se reproduzir. É uma história que levanta muitas reflexões, acerca de muita coisa: em última análise aponta um caminho inesperado para a Extinção da Raça Humana - não um cataclismo inesperado, não um Holocausto Atómico, mas da perda da capacidade reprodutora.


Contei ao meu filho mias velho (tem 6 anos) como era a escola no meu tempo, o que fazíamos, como brincávamos... ele apesar dos 40 canais de televisão, da Playstation, do futebol e da natação ouviu-me e disse: "Eh pai! A tua escola era bué da fixe! gostava que a minha fosse assim como a tua, com muitos meninos!"

Mas que fazer?
De repente penso que os Cristãos e todos os que connosco partilham esta convicção de defesa incondicional pela vida, deveriam passar a assinalar o dia em que o Povo referende o Aborto, com manifestações pela vida (seja este 11 de Fevereiro, ou outro "11 de Fevereiro" qualquer): uma grande manifestação pela vida, independente de Raça, Credo, Cor Política. Uma marcha pelas ruas das cidades e vilas. Uma vela à janela de cada lar. Por cada escola que feche, por cada aldeia abandonada e morta, uma vela num local qualquer.

Depois acho que deveríamos criar um sistema de rating: definir boas práticas, criar um "Manual da Vida". As Instituições de Saúde, de Ensino, etc. que o seguissem receberiam pontos. Quanto mais pontos tivessem mais aconselhadas seriam. Afinal de contas, apesar da Lei, também nós devemos poder escolher.

Porque isto está tudo interligado...

Não acredito em radicalismos, nem vou pelas ameaças: Jesus Cristo propôs-se a todos os que O quiseram seguir pelo Amor.

Acredito que continua a fazê-lo hoje em dia com cada um de nós.
Alguns cristãos defendem a excomunhão dos que votem pelo "SIM"; outros que votam "SIM" dizem que tratamos as mulheres como assassinas... e assim seguiremos até ao Dia do Juízo Final.

E, nós, cristãos, enquanto esgrimimos argumentos que mais não fazem do que alimentar o nosso orgulho, perdemos o cerne da questão: "Que faria Jesus Cristo? Votaria? Calaria? Falaria? Condenaria? Ajudaria?"

Diria "Quem nao tem pecados atire a primeira pedra!"?

Exerceria violência, como fez com os Vendilhões do Templo?

Diria "Se tivésseis fé do tamanho de um grão de mostarda (ou de um embrião com dois dias de vida) poderieis mover montanhas"?

No futuro, as gerações olharão para este período e verão uma Sociedade doente, sem valores, que por não acreditar em nada, acredita em tudo, supersticiosa, ingénua, cega, tal como olhamos hoje para a Idade Média, as Cruzadas, as Fogueiras da Inquisição... reconhecemos os erros e achamos incrível como foi possível que isso pudesse acontecer...?

Estes senhores que agora defendem o Aborto deveriam aprender connosco, com os nosso erros, para que não sejam, no futuro, julgados, da mesma forma que agora nos julgam a nós.

16 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O Dom da Vida é supremo!
Tenho 3 filhos, o 1º foi desejado mas não planeado, o 2º foi desejado e planeado o 3º nem foi desejado nem foi planeado, mas são os 3 muito amados, da mesma maneira. O meu pequenino (o mais novo), dá-me uma alegria interior tão grande que ultrapassa qualquer dificuldade porque passamos. Sim, ao dizer sim à vida dele, tive que deixar para trás coisas que pensava vir a fazer, somos uma família que precisamos muito bem gerir o orçamento familiar, há muitas renúncias, minhas e do meu marido, acima de tudo trabalhamos muito mais. Mas com ajuda de Deus, nunca faltou nada aos nossos filhos, e mais, os irmãos amam-no muito. Somos muito felizes por sermos 5, nada mudavamos na nossa vida.
Maria José

2:38 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Inquietações:

Se a vida é eterna, se somos eternos e engendrados amorosamente em Deus desde toda a eternidade, porquê esta obsessão que os humanos têm apenas com a vida terrena (aquela que começa na concepção e termina na morte)?

Porque não aprofundamos mesmo a questão e, uma vez que existimos desde toda a eternidade, isto é, antes da concepção e para além da morte, não pomos a hipótese de talvez, sim talvez, nem sempre seja bom ser concebido em determinadas circuntâncias?

E se a entidade que já somos antes, estiver sujeita a este condicionalismo fisiológico da concepção, independentemente da sua vontade?

Se já é uma Vida , porque o condenamos sempre a uma existência terrena seja ela favorável ou não?
E se essa vida/alma tiver outras oportunidades de se vestir com um outro corpo humano, em outro momento de concepção impregnado de amor, (sim, porque acredito que esta é apenas uma vestimenta para a minha alma)?


Sendo assim, pode ou não pode ser um acto de amor, interromper uma gravidez? E pelo contrário, prossegui-la um erro grosseiro e egoísta, uma irresponsabilidade?

E já agora, este apego desmedido à vida e o apego que impomos a todas as mães para terem os filhos quer ela queira quer não, não será apenas um vício?

Um vício que se manifesta em tantas coisas, (por exemplo em ter filhos para cuidarem de nós na velhice e em todos os os actos de egoísmo tantas vezes disfarçados de abnegação), mas que se manifesta principalmente nesta absoluta doentia relação com a morte que as sociedades cultivam.

Acredito que Deus é Amor. E sinceramente acho que na infinitude Dele e da Vida, não dará assim tanta importância a esta ideia tão limitada da concepção que fazemos da vida apenas terrena.
"Deus dá a Vida, só Deus a pode tirar" Exactamente : tirar a vida, podemos dizer que nos tira a vida (terrena) a todos, não obstante, não deixa de nos amar ! Muito pelo contrário (acho eu)É o nosso assassino amoroso por excelência! Se a vida terrena fosse assim tão intocável, Ele, que é de uma Sabedoria e Amor infinitos... tirá-la-ia logo a todos, sem excepção?

Tenho pensado mesmo muito sobre o que Cristo faria neste referendo. Por todas estas razões, custa-me a crer que ele impusesse uma continuação de gravidez a qualquer mulher que o não desejasse profundamente.

Mas isto sou eu... talvez errada, como todos podemos estar errados e só um dia no seio de Deus teremos a resposta. Sendo assim, porquê impor as nossas ideias a todos os outros nossos irmãos, enfiarmo-nos nas suas consciências e fazermos de Deus?

12:30 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Inquietações:

Se a vida é eterna, se somos eternos e engendrados amorosamente em Deus desde toda a eternidade, porquê esta obsessão que os humanos têm apenas com a vida terrena (aquela que começa na concepção e termina na morte)?

Porque não aprofundamos mesmo a questão e, uma vez que existimos desde toda a eternidade, isto é, antes da concepção e para além da morte, não pomos a hipótese de talvez, sim talvez, nem sempre seja bom ser concebido em determinadas circuntâncias?

E se a entidade que já somos antes, estiver sujeita a este condicionalismo fisiológico da concepção, independentemente da sua vontade?

Se já é uma Vida , porque o condenamos sempre a uma existência terrena seja ela favorável ou não?
E se essa vida/alma tiver outras oportunidades de se vestir com um outro corpo humano, em outro momento de concepção impregnado de amor, (sim, porque acredito que esta é apenas uma vestimenta para a minha alma)?


Sendo assim, pode ou não pode ser um acto de amor, interromper uma gravidez? E pelo contrário, prossegui-la um erro grosseiro e egoísta, uma irresponsabilidade?

E já agora, este apego desmedido à vida e o apego que impomos a todas as mães para terem os filhos quer ela queira quer não, não será apenas um vício?

Um vício que se manifesta em tantas coisas, (por exemplo em ter filhos para cuidarem de nós na velhice e em todos os os actos de egoísmo tantas vezes disfarçados de abnegação), mas que se manifesta principalmente nesta absoluta doentia relação com a morte que as sociedades cultivam.

Acredito que Deus é Amor. E sinceramente acho que na infinitude Dele e da Vida, não dará assim tanta importância a esta ideia tão limitada da concepção que fazemos da vida apenas terrena.
"Deus dá a Vida, só Deus a pode tirar" Exactamente : tirar a vida, podemos dizer que nos tira a vida (terrena) a todos, não obstante, não deixa de nos amar ! Muito pelo contrário (acho eu)É o nosso assassino amoroso por excelência! Se a vida terrena fosse assim tão intocável, Ele, que é de uma Sabedoria e Amor infinitos... tirá-la-ia logo a todos, sem excepção?

Tenho pensado mesmo muito sobre o que Cristo faria neste referendo. Por todas estas razões, custa-me a crer que ele impusesse uma continuação de gravidez a qualquer mulher que o não desejasse profundamente.

Mas isto sou eu... talvez errada, como todos podemos estar errados e só um dia no seio de Deus teremos a resposta. Sendo assim, porquê impor as nossas ideias a todos os outros nossos irmãos, enfiarmo-nos nas suas consciências e fazermos de Deus?

12:31 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Vale a pena ler a opinião deste padre:


Nem mais, nem menos





BENTO DOMINGUES, Público, Lisboa,28.01.2007
Eu incompetente me confesso para informar como é que isto seria possível, embora saiba que, enquanto ter filhos for um pesadelo, não adianta pensar muito no aumento da natalidade. O sacrifício pelo sacrifício é uma doença. Só o sacrifício que é fruto do amor possível é fonte de coragem. Mas é um exagero pedir às pessoas que desejam filhos viverem em permanente estado de heroicidade. Não adianta queixar-se da cultura hedonista pela falta de generosidade. Quando as empresas e as organizações, através de sofisticada publicidade, incitam aos prazeres mais imediatos e indeferíveis – casas de sonho, carros de sonho, férias de sonho – teremos uma minoria regalada e a maioria acumulando desejos e decepções e adiando sempre, por estas e por outras razões, a altura para ter descendentes.

Mas também incompetente me confesso para desenhar ou sugerir um modelo capaz de configurar uma outra sociedade viável.

2. Eu incompetente me confesso para sustentar que a hierarquia da Igreja fez bem, ao entregar, apenas, às leis da natureza a regulação da natalidade: «A continência periódica, os métodos de regulação dos nascimentos baseados na auto-observação e no recurso aos períodos infecundos são conformes aos critérios objectivos da moralidade. Estes métodos respeitam o corpo dos esposos, estimulam a ternura entre eles e favorecem a educação de uma liberdade autêntica. Em contrapartida, é intrinsecamente má qualquer acção que, quer em previsão do acto conjugal, quer durante a sua realização, quer no desenrolar das suas consequências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação» (1).

João Paulo II repetiu até à saciedade esta herança: «As duas dimensões da união conjugal, a unitiva e a procriadora, não podem ser separadas artificialmente sem atentar contra a verdade íntima do próprio acto conjugal. (...) A Igreja ensina a verdade moral acerca da paternidade e da maternidade responsável, defendendo-a das visões e tendências erróneas, hoje, difusas». Está muito consciente de que o Episcopado , em união com o Papa, é acusado de ser insensível à gravidade dos problemas actuais e de perder popularidade e ver os fiéis a afastarem-se cada vez mais da Igreja (2).

Desde 1968, sobretudo por causa desta atitude perante os métodos contraceptivos, ouvimos com frequência um certo tipo de expressões: «sou católico, mas não sou praticante»; «deixei de ser católico ou não posso continuar a dizer-me católico, embora adira aos seus valores»; «Cristo sim, Igreja não». Mas também há muitos que se guiam pela sua própria consciência, que resistem, digam ou não, «nós também somos Igreja».

3. João Paulo II, na encíclica, Evangelho da Vida (nº 73), é peremptório: «O aborto e a eutanásia são crimes que nenhuma lei humana pode pretender legitimar. (...) Portanto, no caso de uma lei intrinsecamente injusta, como aquela que admite o aborto e a eutanásia, nunca é lícito conformar-se com ela».

Parece-me que um Papa que estivesse de acordo com o aborto ou com a eutanásia devia pedir a sua demissão. No entanto, eu incompetente me confesso para, sob o ponto de vista jurídico, julgar se o Estado tem ou não direito a fazer leis que permitem o aborto.

É saudável, é normal que a Lei de um Estado laico não tenha que estabelecer o que é bem e o que é mal sob o ponto de vista religioso. Não desejaria ver os Estados europeus a adoptarem regimes equivalentes aos da Arábia Saudita ou do Irão: o Estado e a sociedade regidos pela lei ou pela ética religiosas. É por isso que talvez não seja um absurdo perguntar aos cidadãos, como agora, em Portugal, no referendo, se se deve responder "sim" ou "não" à despenalização da interrupção da gravidez, em estabelecimento de saúde, nas primeiras dez semanas, realizado a pedido da mulher. Não se trata de saber quem é e quem não é pelo aborto, neste prazo e nestas condições, mas quem é ou não pela penalização da mulher que aborta neste prazo e nestas condições.

É inevitável a pergunta: dentro das dez semanas, já existe vida humana, ser humano ou pessoa humana? Sobre o que é a vida, sobre o que é vida humana, sobre o que é pessoa, as linguagens do senso comum, das ciências, das filosofias e das religiões não são coincidentes. E, no interior de cada um desses ramos do conhecimento, o debate não está encerrado. Para o Padre Anselmo Borges, professor de Filosofia na Universidade de Coimbra, «a gestação é um processo contínuo até ao nascimento. Há, no entanto, alguns "marcos" que não devem ser ignorados. (...) Antes da décima semana, não é claro que o processo de constituição de um novo ser humano esteja concluído. De qualquer modo, não se pode chamar homicídio, sem mais, à interrupção da gravidez levada a cabo nesse período» (3). A embriologia expressa no boneco chinês é uma pura fraude e uma obscenidade.

Parece-me exorbitante ameaçar os católicos, que votem "sim", com a excomunhão. Comparar o aborto ao terrorismo é fazer das mulheres aliadas da Al-Quaeda. A retórica deve ter limites.

Creio que é compatível o voto na despenalização e ser – por pensamentos, palavras e obras – pela cultura da vida em todas as circunstâncias e contra o aborto. O "sim" à despenalização da interrupção voluntária da gravidez, dentro das dez semanas, é contra o sofrimento das mulheres redobrado com a sua criminalização. Não pode ser confundido com a apologia da cultura da morte, da cultura do aborto, embora haja sempre doidos e doidas para tudo.

Eu, agora, competente me confesso para afirmar: quando, em Portugal, o aborto for obrigatório, abandono o país. Nem mais, nem menos.


(1) Catecismo da Igreja Católica, nº 2370, citando a Humanae vitae, 14: AAS 60 (1968), 490.

(2) Carta às Famílias, nº 12.

(3) dn, 21/01/2007. Sobre esta questão, cf. Miguel Oliveira da Silva, Ciência, Religião e Bioética no início da vida, Lisboa, Caminho, 2006, pp. 53-85.

12:33 da tarde  
Blogger ajx001 said...

Olá a todos.

e perdoem-me por comentar algo que eu próprio escrevi... mas face ao último comentário não resisti.

O Ser Humano é realmente admirável.

Gostaria que os que defendem o "Sim" dessem mais a cara, no entanto.

O que está em causa neste referendo e nesta iniciativa legislativa não é o aborto puro e simples. É a possibilidade que é dada à mulher de, sem nenhum outro motivo que não seja a sua vontade, até às 10 semanas poder interromper uma gravidez sem que por isso sofra qualquer tipo de consequência.

No limite, a minha mulher podia ignorar o meu desejo de ser pai e cometer um aborto, caso descobrisse que estava grávida até às 10 semanas, e eu nada poderia fazer acerca disso.

Substitui-se portanto uma arbitrariedade (a actual lei) por outra (a vontade da mulher), muito mais incerta, inconstante e arbitrária, não por ser "da mulher" mas por ser "humana".

Quanto às tuas inquietações minha amiga anónima, deixa-me dizer-te que na minha opinião estás muito enganada acerca do conceito de Amor: Amor é dar a vida pelos outros, é dar a outra face, é amar os nossos inimigos.

Não é no Amor de Deus ou no Temor de Deus das Cruzadas e da Inquisição que eu acredito. Esses nossos antepassados usaram dos mesmos argumentos que agora utilizas para matar a torto e a direito todos os que não pensavam de uma determinada forma.

Da mesma forma que acho uma monstruosidade invocar o Nome de Deus em vão para justificar esses actos, acho absolutamente incrível que se use esse mesmo Amor, para justificar um aborto. Esse argumento nunca tinha ouvido, de facto.

Não é um vício, não é egoísmo. Será vício ou egoísmo gastar milhares de euros para conceber um filho? para o alimentar?
Será egoísmo passar noites em branco quando um filho adoece? ou sofrer quando ele se aleija?

Olha para as imagens das mães que durante o Maremoto do Natal de 2005 perderam os seus filhos e diz-me se isso foi egoísmo ou vício...

O que não acredito é que com a quantidade de informação que existe hoje em dia seja necessário a uma mulher cometer aborto por ter engravidado acidentalmente. Para isso existem outros métodos.

Da mesma forma, segues uma linha de pensamento perigosa, que em última instância permitiria em qualquer altura da gravidez interrompê-la, pois não fazes qualquer distinção de períodos de tempo. Casos de perigo de vida, violação, e outros, encontram-se já tipificados na actual lei...

então para quê mudar?

Achas retrógrado não aprovar esta lei?

Eu acho que uma lei que protege a vida, está ao mesmo nível que uma lei que impede a pena de morte, ou até a prisão perpétua. Isto é progresso.

Mas sabes o que acho mais triste? É que alguns dos defensores do Sim ficam todos tristes e chateados, quando morre uma árvore, ou uma baleia, ou um panda, ou um urso polar - eu também.

Mas a diferença é que, pelos vistos, uma vida humana tem para eles menos valor do que qualquer uma dessas outras, igualmente importantes, vidas.

6:36 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

ajx001,

obrigada pelas suas palavras.

Eu apenas quis que me ajudassem a pensar e verificar se estas reflexões têm fundamento (como disse nem eu própria tenho a certeza delas.)

Mas só a dúvida, sim é mesmo essa dúvida de que seja assim, que me leva a votar sim. Se ainda não sabemos a verdade última sobre as coisas, como posso defender uma lei que pune quem pensa diferente de mim?


"É a possibilidade que é dada à mulher de, sem nenhum outro motivo que não seja a sua vontade, até às 10 semanas poder interromper uma gravidez sem que por isso sofra qualquer tipo de consequência."

Por muito que custe aceitar, qualquer vondade na base desta decisão é alicerçada em motivos fortes e na consciência da mulher (ou não?)e todos podem e devem ajudar mas ninguém tem o direito de interferir e julgar a não ser... Deus.

"Mas sabes o que acho mais triste? É que alguns dos defensores do Sim ficam todos tristes e chateados, quando morre uma árvore, ou uma baleia, ou um panda, ou um urso polar - eu também."

Não vejo o que isso tenha a ver, mas já agora pergunto:
e quando morre o coelho para o almoço, ou matam a galinha para o jantar?

O facto de se protegerem juridicamente determinados animais ou plantas (e esses não são embriões, já nasceram!) não depende do seu valor intrínseco, mas sim do receio de extinção.

E já agora o que dizer do que defende Frei Bento Domingues? Também andarão assim tão errados ou serão mesmo a vanguarda da Igreja, aqueles que pensam verdadeira e profundamente nas coisas, aqueles que fazem avançar a Igreja no bom caminho?
É fácil, agarrar-mo-nos a dogmas e descansar a consciência, mas não causemos ainda mais mal às mulheres que têm de tomar esta difícil decisão ainda por cima sem autoridade nenhuma para o fazer, pois não estamos na pele delas, nem vivemos as suas vidas.

7:45 da tarde  
Blogger ajx001 said...

Olá uma vez mais.

ainda que pareça, este espaço não é meu :-)

É minha convicção de que a Ciência e o tempo se encarregarão de comprovar que estou certo nas minhas convicções.

Creio que os avanços científicos permitirão cada vez mais viabilizar cada vez mais cedo vidas humanas que à partida se encontrariam perdidas.

Nessa altura, quando o conhecimento científico comprovar aquilo que intuo, espero francamente que não nos julguem com a rigidez com que hoje julgamos aqueles que antes de nós, por uma ignorância muitissimo maior - porque menos informada - cometeram erros enormes.

O conhecimento traz consigo uma responsabilidade maior.

Esta questão do aborto é antes de mais uma questão de consciência, e depois uma questão legal.

No dia 11 votarei não, porque conscientemente acredito que existe vida humana e porque conscientemente acredito que a actual lei já tipifica um conjunto de circunstâncias que a tornam numa lei equilibrada.

Não entro em discursos emocionais: concentro-me antes no cenário, em minha opinião mais do que provável, de vitória do "Sim" com efeitos vinculativos.

A mim, que não estou empenhado em nenhum movimento cívico pelo "Não", a vitória do "Sim" trará uma responsabilidade ainda maior, um desafio ainda maior relativamente àquilo em que acredito.

Uma vitória do "Sim" vai provavelmente "obrigar-me" a escolher "melhor" os médicos a quem me dirijo, a formar consciências para que não tenham que recorrer ao aborto, a lutar para reforçar os apoios a mulheres (financeiros, logísticos, psicológicos) que de outra forma optariam por esse caminho.

Eu não sei o que é o drama do aborto.

Mas conheço bem o drama (que foi o meu) de querer muito um filho, a ponto de investir milhares de euros, de tempo e de saúde para o ter; conheço bem as lágrimas e o desespero da minha mulher quando mês após mês o tão esperado resultado não vinha; e conheço muita gente que passa pelos mesmos calvários.

Custa-me por isso ver malbaratar este dom.

Tu tens dúvidas de uma natureza.

Eu tenho dúvidas de outra natureza: acima de tudo tenho muitas dúvidas em chamar a uma lei que legaliza a morte, uma lei progressista.

Além do mais os abortos clandestinos vão continuar: o que acontece quando uma mulher tentar abortar "porque sim" às 11 semanas? porque razão não aparecem estudos a explicar porque não diminuiu o aborto clandestino, nos casos em que a lei já protege a mulher?

11:50 da tarde  
Blogger ajx001 said...

Mas não me interpretes mal.

Eu não te julgo, nem procuro impor-te os meus pontos de vista.

Estou apenas a partilhar contigo o meu ponto de vista.

Tal como tu, acredito que apenas Deus conhece os corações dos homens e apenas Ele nos pode julgar.

11:52 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caro irmão ajx001,

Agradeço mais uma vez as tuas palavras. Os dois estamos, amigavelmente, aqui a pensar e a trocar pontos de vista. Acho sinceramente que argumentos diferentes dos nossos é que nos fazem pensar mais profundamente nas questões, vê-las de outros ângulos que ainda não vimos. É isso que tento (tentamos)fazer num clima amigável, não de imposição nem de acusações.

Post isto, dizias:

"É minha coonvicção de que a Ciência e o tempo se encarregarão de comprovar que estou certo nas minhas convicções.
Nessa altura, quando o conhecimento científico comprovar aquilo que intuo, espero francamente que não nos julguem com a rigidez com que hoje julgamos aqueles que antes de nós, por uma ignorância muitissimo maior - porque menos informada - cometeram erros enormes."

E se chegarmos a outra conclusão? Não é melhor então agirmos nós de acordo com as nossas convicções e deixar que os outros ajam de acordo com as suas?

Com esta lei e enquanto não sabemos, julgamos mulheres com rigidez, como se já soubéssemos, baseados na nossa certeza.

Esperas que não te julguem com rigidez quando se souber, e permite uma lei que julga e pune também com rigidez já, agora antes de se saber?

Eu não consigo fazer isso.


"Eu tenho dúvidas de outra natureza: acima de tudo tenho muitas dúvidas em chamar a uma lei que legaliza a morte, uma lei progressista."

Compreendo perfeitamente este argumento. Também era com base nele que sempre defendi acerrimamente o não (Também sou conviva.)

Acontece que as minhas reflexões, como viste, puseram em causa esse dogma de que a vida é superior a tudo, até ao Amor (o de querer o melhor para um filho potencial)

E quanto mais penso, mais noto como o Amor é superior à vida, pois Deus entregou o seu próprio filho à morte por Amor. Nós próprios dizemos que damos a nossa própria vida por Amor e acretido que tu a dês pelo teu filho.

E também a dimensão grandiosa, eterna da vida que intuo na mensagem cristã, leva-me a pensar que a vida é mais do que vida terrena. Acho que disso não temos dúvidas. Leva-me também a pensar que este "matar o feto" a que tanto nos agarramos, PODE não ser matar e sim apenas impedir de nascer naquele momento e naquelas circunstâncias(visto à luz divina). Quem é que realmente sabe o que é que acontece ao feto abortado e quem é que realmente sabe o que acontece depois da morte? Sei que não sei, mas só o facto de pôr essa hipótese, que suponho ser tão válida como as outras, já que ninguém tem realmente certezas, leva-me a votar sim.

"Tal como tu, acredito que apenas Deus conhece os corações dos homens e apenas Ele nos pode julgar."

Realmente só ele conhece os segredos da vida e da morte, só ele conhece os corações das mulheres que decidem abortar, e portanto só ele é que as pode julgar, não eu, tu, a sociedade ou uma lei do código penal.

Também só Ele poderá julgar os nossos votos no domingo. Cada um fará o que considera melhor e não é por isso que seremos menos cristãos. Acredito que a tua convicção também é a melhor para ti, podes crer, mas também acho que a minha é a melhor para mim. E se calhar, estamos os dois a fazer o bem, porque estas coisas são paradoxais.

Isto nunca porá a maternidade em causa, como sabes. Não interfere em nada no direito de todas/todos os que queiram
terem os seus filhos e tantos quantos queiram.


E tenho-me lembrado disto: antes de haver métodos anti-concepcionais, não há muitos anos, acharias razoável uma mulher ter 30 40 filhos, por exemplo?
Se é errado agora também o era antes..., não?É por isso que eu confio na opção da mulher, pois admito que seja por Amor(mesmo que ela nem o saida dizer, porque lhe disseram que era errado)
, porque acredito que Deus está na nossa e na consciência delas.
Cumprimentos para ti.

2:02 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Bem,para inicio gostava de te dizer ajx001 sou conviva do 317 ,sou a Guida ,sou mãe, feliz, realizada, e resolvi hoje e porque encontrei onosso pequeno livro de oraçoes, vir aqui á procura dos convivas da nossa diocese.Li com atenção tudo oque escreves-te e infelizmente ou felizmente não estou de acordo contigo.Falemos no antes do aborto e salientando o que dizes sobre Joao Paulo II e o que a nossa igreja diz sobre os metodos contraceptivos quimicos era bom que se fizesse uma estatistica de quantas jovens catolicas praticantes tomam a pilula e usam preservativo talvez deixasse-mos de ser hipócritas.Em relaçao ao aborto poderia estar horas a falar contigo e nao chegariamos a lado nenhum porque eu acho que um filho deve ser desejado,amado e querido ,uma ma~e quando quer um filho e o deseja muito tenha que situaçao tiver nunca pensa abortar,por isso acho que quem não os quer não é merecedor dessa dadiva de DEus.No teu belo discurso esqueces-te de uma pequena coisa,insignificante até, é que o negócio do aborto clandestino(acho que aqui na nossa diocese não existe)faz enriquecer dezenas,mesmo centenas de pessoas que se valem de uma lei que nada faz.Falas-te que a vontade da mulher é um "simples"motivo para abortar,não conheço motivo mais forte do que a vontade para e de alguma coisa.Acho que foste tu que disses-te que se o sim ganha-se mudavas de país,pena já não me respondes.Para terminar ,com toda a nossa preocupação cristã acerca do aborto lembras-te quantos voluntários ajudavam o padre Acilio na casa do Gaiato...Acho que seria mais útil em vez de estarmos quando começa ou acaba a vida cada cristão que defende tão fervoroçamente o nao devia ir á casa do Gaiato ,ás misericórdias ,adoptava uma dessas crianças é porque esses as mães foram sãs de mente ,responsáveis,só os abandoraram quase á nascença,é totalmente diferente de abortar .Quando dizes que uma vida humana tem menos valor de que uma árvore (Para mim é pessoal porque eu voto sim)esqueces-te que Deus deu-me a opção de escolha e só ele um dia terá odireito de me julgar se fiz bem ou mal a minha escolha ,como cristão empenhado e activo que penso que és só tens que respeitar a minha opinião como eu respeito atua .Utilizando uma frase de um outro conviva com amor meu e de Cristo. Guida

10:33 da tarde  
Blogger ajx001 said...

Ola Guida.

Eu também sou pai, fiz o 226 e também tenho filhos (um com 6 anos, outro com 6 meses).

Eu disse que se o sim ganhasse mudava de país? Estranho que o tenha dito. Não é uma atitude que tomasse. Mas admito que sim. Embora reconheça que existem motivos, outros, mais fortes, que me levariam a abandonar o país. Um mero referendo? Não. Não me parece.

Sabes porque estranho? Porque acho que as coisas mudam-se a partir de dentro. Por isso não faz o meu estilo fugir das coisas.

Ainda assim respondo-te dizendo-te que uma vez que não te julgo (não me interessa se votaste sim ou não), também não te reconheço o direito de me julgares, pois ao dizeres que nós que defendemos o não, somos hipócritas estás-me a incluir no lote e tu não sabes (porque não podes saber, porque não me conheces) o que fiz ou deixei de fazer em prole das coisas em que acredito. Não sabes se sou (ou fui) voluntário em algumas das coisas que acabaste de descrever (e noutras que não descreveste), não conheces a minha história pessoal por detrás de cada filho que tenho. Não sabes nada.

Lamento, isso sim, que tu, à semelhança de muitos outros, tenham ido a reboque da agenda política de alguns cuja única bandeira era esta e que após vencida esta batalha procuram agora outras causas chocantes pelas quais lutar (eu conheço bem o Francisco Louçã, foi meu colega de turma... uma pena que um cérebro tão bom, não consiga produzir nada de jeito)

Como já disse (não sei se aqui se noutro local): da mesma forma que hoje em dia achamos absurda a prática do canibalismo pelos nossos antepassados, das perseguições religiosas, da pena de morte, da destruição de povos inteiros em nome... do que seja, de idéias, de Deus (de deuses), etc. estou convencido que também, no futuro, seremos encarados como uma sociedade brutal, obscurantista, embrutecida, que legitimou a morte de inocentes.

Repara que não estou contra o aborto por si. A minha convicção era que a anterior lei era equilibrada e que se mudou para que tudo fique na mesma: na prática não se erradica o problema, as clínicas vão continuar a engordar e os dramas pessoais vão continuar.

Esta lei não prevê, por exemplo, o que acontece às 10 semanas e 1 dia, tal como não prevê muitas outras coisas. Mas esta é fundamentalmente uma questão do for íntimo de cada um. Eu próprio não digo "desta água não beberei".

Vivemos hoje em dicotomia: Vivemos numa ditadura da maioria, dominada por algumas ditaduras de algumas minorias. Este défice democrático (isto sim) é algo que me levaria a sair do país.

E aconselho-te francamente Guida a ter cuidado com as palavras. Se achas que a "simples" vontade justifica um acto, então o homícidio premeditado é justificado, a própria violação é justificada, certo? Basta a vontade. Isto é perigoso, como princípio, pois legitima muita coisa e é quase como abrir a Caixa de Pandora.

Da mesma forma, caimos num relativismo onde não há absolutos. não há nada absoluto: não sei o que entendes por "respeitar a tua opinião", mas ao etiquetares-me de hipócrita, sem me conheceres; ao generalizares, quem não está a respeitar alguma opinião és tu. Não eu.

Além do mais: já passou. Não direi que o mal está feito, porque não é disso que se trata: estou expectante pois todas as pessoas que conheço que estavam empenhadas em movimentos do "sim" (e conheço muitas e debati muito com elas, posso assegurar-te) me garantia que o objectivo não era que houvesse mais abortos, que os que votavam "sim" teriam uma responsabilidade acrescida caso o "sim" ganhasse, pois tratava-se de garantir que se minimizava o que eles próprios apelidavam de "flagelo" - ainda que por outros motivos.

Quero ver se realmente, como dizem os ingleses vão "put their money, where their mouth is", ou seja, o que vão fazer na prática para mudar o estado das coisas. A minha convicção é que... nada vai acontecer. A vitória do "sim", foi... para muitos dos que votaram "sim" e "não" como... olha, como um jogo de futebol: ganhámos, festejámos, dormimos, esquecemos. Não ouve consequências de maior para a nossa vida. continuou tudo na mesma: o importante está feito. aprovou-se a lei, aplica-se a lei.

Pois até nem há dinheiro para acções concretas de promoção da vida (da natalidade, da qualidade de vida dos idosos, dos doentes, das crianças, dos professores, dos militares, ...)

Enfim. Acho que a Igreja a que pertenço tem o dever de acolher, de perdoar, de propor. Não de condenar.

Eu não te condeno (quem sou eu para o fazer?), também não partilho da opinião de alguns que votar "sim" é ir para o inferno, nem outras barbaridades semelhantes.

Agora, o meu discurso não foi escrito, para que achassem que era belo (nem sequer foi escrito para ser discurso), nem te dá o direito de me julgares sem me conheceres.

Publiquei o teu comentário porque este é um site que admite todas as opiniões. Agora, lenmbra-te que quando apontas para alguém só um dos dedos está a apontar para a pessoa: tens pelo menos 3 que apontam na tua direcção.

Até Já
AJX

11:29 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caro,conviva pimeiro que tudo quero pedir-te desculpa porque não devo ter conseguido explicar-me sobre alguns pontos que referi.Em nenhum momento te rotoulei de hipócrita, pois estava a falar em todos nós como igreja, porque estou convicta que dentro da nossa Igreja há muitas pessoas que conseguem seguir tudo o que a nossa igreja pensa sobre determinados assuntos, mas a ideia que tenho é que a maioria não o faz,por isso eu falar em hipocrisia .Não te julguei,só acho que estas só a ver um lado, porque quando dizes que assim a mulher pode abortar até as dez semanas sem o marido saber, oque se passa á muito tempo ,é que os homens é que se vão embora ,as mulheres é que ficam com dois ou tres filhos,com as rendas das casas,com a alimentaçaõ com creches e tudo o resto,e dezenas para não falar em centenas nem atraves do tribunal ajudam os filhos ,digo-te isto porque para mim,choca-me tanto ou mais como a mulher abortar sem o marido saber.Quando falo em hipócrisia é porque sinto ,que dá ideia que em Portugal não se faz milhares de aborto por ano e para mim o"sim" só tem um significado ,todas as mulheres,e casais que optem por essa situação devem ter condições de segurança,higiene,e ninguem tem o direito de lucrar com isso.Tanbem te quero dizer que a minha ideologia politica não tem nada a ver com isto ,á muita coisa com que não estou de acordo nos nossos ensinamentos e são ideias minhas,sempre as tive e não acho lógico muita coisa,não penses que não sei bem do que estou a falar,fui simplesmente durante anos uma jovem conviva empenhada responsavel e dinamica quer na minha paróqia quer na nossa diocese,e repara ainda sou do tempo em que na rua eramos apontados como beatos ,é que ser jovem cristão na paroquia do Barreiro á vintee picos anos atras era dose.Sabes o que para mim é mais estranho ,é que o que não tinhasentido na altura hoje tambem não...Já deves ter percebido que estou afastada,para te ser sincera,á muito tempo que a minha religiosidade se assim se pode dizer não saia..O meu afastamento tem uma unica explicação a desilusão(o homem é imperfeito,e a igreja é feita de homens,eu sei) mas eu cansei-me de remar .Não vejo o mundo tão mau como tu,embora me preocupe,acho sim que a nossa igreja cada vez mais esta´a ficar para traz(culpa minha..)em vários campos,oque faz com que outras seitas tenham cada vez mais tenham seguidores...para terminar ,pronto temos a lei aprovada ,agora cada um de nós tome a atitude que entender,algum dia respondera por isso,penso que nem eu nem tu temos que nos preocupar em justificar um dia ,mas sabes no fim disto tudo o que me entristece?Bastava um abono de familia mais consistente,escolas mais baratas,empregos,educação e não tinha sido preciso nenhum referendo.Bem,mais uma vez te peço desculpa se por algum momento te magoei,não era essa a minha intenção..um abraço em Cristo nosso irmão. Guida

2:36 da tarde  
Blogger ajx001 said...

Olá uma vez mais Guida.

nesta tua última mensagem tocaste no ponto.

Daí a minha posição relativamente à questão do aborto. Tu viveste no Barreiro, eu em Beja. Cheguei, com 12 anos, a ser apedrejado quando ia para a catequese.

Enfim... águas passadas não movem moínhos.

Dizia-te eu que tocaste no ponto.

Encara como quiseres: acho que a nossa Sociedade, tem temas mais importantes e urgentes para debater e solucionar do que o aborto.

Aponto-te alguns:
- quer-se discutir no Parlamento a questão dos casamentos gay, quando o que se devia discutir eram políticas activas de apoio à família.
- fecham-se escolas e hospitais, maternidades, e depois, entre outras coisas, chama-se ao sul do país, um deserto, onde nada existe, ... nem pessoas.
- Discute-se o aborto, referenda-se o aborto, e o país assiste impávido ao abandono e desertificação completa de aldeias do interior. Não sei se sabes mas Portugal tem os 2 concelhos mais envelhecidos da Europa (Gavião e Nisa, no Alto Alentejo), onde a percetagem de pessoas que têm mais de 85 anos é já superior à das pessoas com menos de 15 anos.
Também não sei se sabes, mas á concelhos no nosso país onde os saldos fisiológicos (diferença entre os que nascem e os que morrem) têm nomes: os presidentes das câmaras fazem essas contas à mão e mantêm listas. Sabes o que é isso?
- discute-se a adopção de crianças por pares homossexuais, quando existem listas de espera longuíssimas de casais heterossexuais para adopção de crianças, que inexplicavelmente crescem em lares e casas de acolhimento até atingirem uma idade em que já ninguém os quer adoptar.
- Discute-se o aborto em Portugal. Sabias que em França e outros países da União Europeia, devido à crise do sistema de segurança social e às baixissimas taxas de natalidade, não só se assiste a um pedido para que se retroceda nas leis pró-aborto, como se pede que cada vez mais se canalizem recursos financeiros para políticas pro-natalidade?

Estamos atrasados, Guida. Os nossos políticos querem convencer-nos que temos uma lei progressista, mas é mentira. Qualquer lei que permita matar impunemente é uma lei errada: queres a prova? Olha para os números da objecção de consciência entre a classe médica.

O meu sogro é médico. Luta todos os dias para salvar vidas. Como se pode pedir-lhe que em determinadas circunstâncias, a tire? Repara que não se trata de esperar que a vida termine, é actuar no sentido de ela terminar...

Se me conhecesses saberias que um dos valores que mais prezo é o da justiça. Por isso tento olhar para todos os ãngulos.

Deixa que te diga já agora o seguinte: relativamente à nossa Igreja (e apesar de te dizeres afastada, penso que posso chamar-lhe "nossa") a Sociedade tem sempre uma atitude de rejeição.

É quase, preso por ter cão e preso por não ter. Se no passado cometeu erros e apoiou regimes totalitários, políticas persecutórias (Inquisição, por exemplo) e condenou à morte (Galileu e afins), critica-se.

Quando, após reconhecer esses erros, opta por condenar abertamente todas as politicas contrárias à vida humanda e à dignidade da pessoa humana... é incómoda e retrógrada.

Sinceramente, há que ser coerente, não achas?

Quanto ao espaço que a Igreja está a deixar para outros... isso já é outra conversa. A Igreja somos todos nós. Nós cristãos não podemos fazer o que a maior parte das pessoas faz quando alguma coisa está mal e não se sabe bem de quem é a culpa: "é a Sociedade!" dizemos como se não fizessemos parte dela.
Com a Igreja, é ainda mais directa essa ligação: a Igreja está a ficar para trás? Abre espaço a outras crenças? Somos nós, que aqui estamos, que temos a culpa.

E isto faz-me pensar: sabes qual é o maior pecado actual da Humanidade? É a indiferença. Não gostar, nem deixar de gostar. Não amar, nem odiar. É o Inferno de Dante: gelo. Gelo interminável.

Até Já
AJX

11:30 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

ola´ajx,aqui a rapariga é caloira na net,resultado,levei horas para te encontrar,pior depois de estar um tempão a escrever não sei bem o que fiz(não é para rir)desapareceu tudo ,portanto como já é bem tarde resta-me desejar-te um santo domingo,volto logo que possa para continuar a nossa converça.Guida

2:48 da manhã  
Blogger ajx001 said...

Bem tarde Guida :-)

não te preocupes. Acontece a todos. caloiros e não caloiros. Cedo ou tarde, toda a gente "perde tudo" quando está nestas "vidas".

Bom domingo e Até Já
AJX

3:16 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

boa tarde e as minhas desculpas pelo meu desaparecimento. Estou de férias, espero que tudo esteja a correr bem. logo que tenha mais tempo volto. Um abraço em Cristo nosso irmão.

6:38 da tarde  

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