Convívios Fraternos

2007/02/21

Há um tempo para tudo

"Tudo tem o seu tempo determinado, e há um tempo para tudo.
Há um tempo de nascer, e um tempo de morrer;
Um tempo de plantar, e um tempo de arrancar o que se plantou;
Há um tempo de matar, e um tempo de curar;
Um tempo de derrubar, e um tempo de edificar;
Há Um tempo de chorar, e um tempo de rir;
Um tempo de prantear, e um tempo de dançar;
Há Um tempo de espalhar pedras, e um tempo de ajuntar pedras;
Um tempo de abraçar, e um tempo de afastar-se de abraçar;
Há Um tempo de buscar, e um tempo de perder;
Um tempo de guardar, e um tempo de lançar fora;
Há um tempo de rasgar, e um tempo de coser;
Um tempo de estar calado, e um tempo de falar;
Há um tempo de amar, e um tempo de odiar;
Um tempo de guerra, e um tempo de paz." (Ecl. 3, 1-8)

O papel deste blog deve, cada vez mais, ser o de nos obrigar a reflectir sobre que Movimento queremos ser e ter daqui a 20 anos.

Para isso mais do que focar-se no Convívio-Fraterno propriamente dito, deve focar-se no 4º Dia, na forma como, após esses 3 encontros transfomadores (connosco, com Deus e com os Irmãos) vamos continuar a preservar.

E porquê?

Porque o Convívio-Fraterno é uma "fórmula" que resulta. Com maiores ou menores variações (embora haja que ter cuidados para não estarmos a descaracterizar de tal forma esse encontro que alguém de Braga ou de Aveiro não o reconhecesse como tal se fosse a Beja, a Setúbal ou ao Algarve, e vice-versa) resulta e transforma de forma indelével aqueles que passam por essa experiência.

Onde tradicionalmente somos menos fortes é na ajuda (ou na falta dela) que recebemos (e damos) no 4º dia.

E esta é a parte difícil da questão.

Porquê?

Devido às características de "baixo-contraste" que o Movimento tem. Sem estruturas formais, lançando os convivas nas paróquias e noutros movimentos, apenas com alguns encontros ad-hoc pelo meio (que terminam na melhor das hipóteses, ao fim de 1 ano) ditam que cada um de nós fique (passado algum tempo) com a sensação de ter, de alguma forma, sido lançado às feras.
Sensação essa aumentada após a participação em equipas onde ficamos então com a sensação de lanças às feras outras pessoas.

E isto é que tem que mudar. Para mudar é necessário pensar criativamente e olhar para a realidade com um olhar crítico e não conformista. Não podemos conformar-nos nem ignorar a realidade que desfila perante os nossos olhos.

Não podemos olhar para as nossas igrejas cada vez mais vazias de jovens e crianças e nada fazer.
Não podemos olhar para as missas do "crisma" cheias de gente, que depois nunca mais encontramos, nme em paróquias, nem em movimentos, nem em lado nenhum.
Não podemos ignorar que os jovens de hoje necessitam de respostas diferentes, em suportes diferentes.
Não podemos ignorar os sucessivos censos que sucessivamente constatam uma diminuição progressiva da afluência de pessoas às igrejas, às eucaristias dominicais, à Comunhão... ano após ano.
Não podemos esconder a cabeça debaixo da areia e pensar que, por exemplo, todos os que votaram "Não" eram católicos ou cristãos e todos os que votaram "Sim" eram não católicos e pagãos - a realidade é bem mais dura:
- o Sim ganhou por causa dos Jovens;
- o Sim ganhou por causa dos votos de muitos Jovens Cristãos.
Não podemos ignorar....

Mas mais do que isso, não ignorando não devemos escudar-nos no argumento de que estamos a semear e que alguém há-de colher. Não devemos escusar-nos e limpar as nossas consciências dizendo (eventualmente com toda a justiça) que apenas Deus vê realmente o coração dos Homens.

Os números estão aí, os factos e a dura realidade estão aí. Ignorá-los ou querer ignorá-los é adiar a procura de uma solução que é tanto mais necessária quanto vital. A nossa responsabilidade é proporcional à consciência que tenhamos destes factos. A nossa responsabilidade deve ser olhada como um talento... que temos que gerir... e acerca do qual nos serão pedidas contas, sejamos nós homens ou mulheres, leigos ou sacerdotes.

6 Comments:

Blogger Celinha 007 =) said...

Mesmo quando a fórmula tende a não resultar há uma força, em nós convivas inexplicável que faz com que essa fórmula resulte! Eu sou conviva e não consigo me consciencializar de que estou a perder a chama! se isso acontecer já ando eu à procura de um fósforo qualquer para ma ampliar =) Eu sou conviva com muito orgulho e sou de Deus com mais ainda =)

12:39 da manhã  
Blogger Rui Melgão said...

Esta questão preocupa-me particularmente... Preocupa-me porque acredito em Deus e acredito que Ele nos salva, preocupa-me porque os nossos jovens se afastam cada vez mais da igreja e cada vez mais é dificil chegar ao seu coração... Os tempos em que vivemos são tempos dificeis, são tempos de consumismo, são tempos em que temos tudo, não nos falta nada e o nosso egoismo vai crescendo inevitavelmente... Realmente concordo que é preciso repensar o movimento e torná-lo mais presente no quarto dia dos jovens, dos novos... A nossa acção enquanto movimento deve ir muito além dos três dias do convivio, é preciso cada vez mais agir no quarto dia, junto dos grupos de jovens, dos escuteiros e de outros movimentos juvenis... Realmente parece que somos atirados às feras, assim sem mais nada e doi ver os jovens a perder um entusiasmo nestes tempos em que devido ao consumismo, o entusiasmo já é cada vez mais resfreado.

A questão primordial é que vivemos tempos de marasmo, em que a religião não interessa e lançar jovnes neste mundo depois de um convivio exige cada vez mais que este acompanhamento ocorra...

Rezo ao Espirito Santo para que Ele nos conduza, é urgente porque são as vidas das pessoas que estão em causa, é preciso dar um sentido a cada ser humana, numa época em que cada vez mais menos se pensa em Deus, menos se fala nEle no mundo.

5:24 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Os jovens se afastaram das "nossas igrejas" porque não há mais a PALAVRA, há sim shows,bandas,tudo que o mundo tem .Outro dia passei na frente de uma Igreja evangélica que dizia."Você gosta de música, venha aprender com a gente um instrumento qualquer,inteiramente grátis" Antigamente você não via essas apologias quando alguém entrava numa Igreja, era porque estava com sede da PALAVRA.É o que eu acho.E não é coisa do nosso tempo não.Nas epístolas de João ele ja mostrava isso os falsos mestres espalhando erro entre os santos!Brigas por posições na Igreja,erros teológicos,a fé que deve levar a obediencia da lei!A coisa tava tão feia que a primeira Epístola começa com uma introdução formal,ele não se apresenta a seguda e a terceira menciona como autor uma pessoa chamada como "o presbítero" e são endereçadas -uma senhora eleita e um tal de Gaio,São informações que deixaram várias perguntas sem respostas.O jovem que procura uma Igreja está como uma folha em branco pronta pra se escrever a mais fantástica de sua história,e no entanto essas Igrejas acabaram com esses jovens,é Igrejas de surfistas,de roqueiros de sambas,de carnês de gideão,carnê da vitória,rosa do amor,culto dos casais etc... ta uma bagunça uma mistura do profano e do que é santo e isso não se mistura.E ela continuará assim daqui a 20 anos?vc acredita que daqui há 20 anos haverá Igrejas cheias de jovens?Ou existirão muitas Igrejas sem pastores ,ou padres,bispos sei lá o nome destes líderes religiosos,mas lobos prontos para devora-los.É melhor mesmo que fiqem afastados,porém inocentes.

5:21 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Fui obrigada a marcar como anônimo porqe não conseguia postar me comentário mas meu nome é thais e este é meu email
thaisreder2006@gmail.com

5:23 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

DEIXEI ONTEM UM COMENTÁRIO SOBRE AS NOSSAS IGREJAS VAZIAS DE JOVENS E CRIANÇAS OU DE ROSTOS QUE NÃO HAVEMOS DE VE-LOS MAIS,POSTEI COMO ANÔNIMO PORQE EU NÃO CONSEGUIUA ENVIAR SE NÃO FOSSE assim pedem palavra passe /URL e eu não possuo e nem sei o que é.Mas vou aqui repetir que esse problema é muito mais antigo do que se possa imaginar e citei as Epístolas de João.Uma das coisas mais esquisitas que está acontecendo na Igreja Católica, é que as ovelhas estão se rebelando contra uma Igreja inteira,há até quem acha o papa o anticristo,eles detestam a Teologia da libertação e acham que tomarem o sacramento tem de ser ajoelhados e que o Padre coloque em suas bôcas com aquele pires eu não sei o nome e que a missa seja em Latim,e eu vejo uns padres na maioria franceses vindo de seus Países e ministrarem essas missas em casas de senhoras muito ricas em cidades do interior,mas este amor termina ali após a missa o padre dorme fora da ala íntima da casa,é colocado nas edículas num quartinho no quintal.Eu estou escrevendo isso porque do jeito que eu escrevi ontem dá a entender que não sou católica,então lembrei-me dessa maluquice de certos paroquianos que rezam até fora da Igreja mulheres e jovens totalmente loucas cobrem suas cabeças com lenços e rezam o terço sem a presença de um padre e dos irmãos.não há quem aguente isso por muito tempo.Todads as Igrejas estão em crise ,crise espiritual e eu não creio que daqui a 20 anos possa se fazer mais nada!Aliás nos estados Unidos há vários templos católicos que viraram de tudo menos Igrejas.Por isso a coisa é muito mais séria de ter ou não jovem na Igreja.Caso minha postagem não seja feita,essa é mais uma razão de uma Igreja vazia,não há liberdade de expressão e ai....Meu nome é thais meu email thaisreder2006@gmail.com escrevo aqi porque sei que não conseguirei postar,e mais quem qer uma Igreja cheia,repleta e cria um blog mas que não está atendo e respeitando todos os comentários irá morrer na praia com certeza!

4:08 da manhã  
Blogger ajx001 said...

Cara Thais,

muito obrigado pela tua opinião.

Peço desculpa pelo atraso na publicação dos teus posts, mas estive de férias e só agora os vi.

Gostei da tua figura de estilo "O jovem que procura uma Igreja está como uma folha em branco pronta pra se escrever a mais fantástica de sua história".

Compete-nos ajudá-lo a escrever essa história. Penso que cada vez mais a História dos homens se escreve com cores contrastantes: enquanto tens franjas enormes da sociedade a viver na indiferença, no relativismo e no materialismo, tens também um número cada vez maior de pessoas que necessita autenticidade, referencias sólidas e de algo mais do que o Mundo dá. Não sei para quem trabalhamos. Nós falamos (e escrevemos) e alguém há-de escutar (ou ler). Suponho que teremos que ter a esperança de que Deus fale por nosso intermédio e chegue ao coração desses nossos irmãos.

Um abraço
AA

5:15 da tarde  

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